Estalo |
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Crônicas e resenhas. Críticas e elogios. Bom humor e chateações. Visões. Observatório. Pensamentos soltos. De estalo !
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sábado, fevereiro 16, 2002
His future is coming on Damon Albarn é mesmo um sujeito esperto. E talentoso. Líder do The Blur, Arbarn deixou um pouco de lado as atividades do grupo — um dos mais bem-sucedidos da cena pop-rock inglesa nos 90's — para dar vida ao Gorillaz. Um projeto que, indiretamente, pode simbolizar uma virada de página na vida do pequeno Lilão. Meu sobrinho. Garoto sagaz de apenas nove anos, ele é o mais novo entusiasta do som do Gorillaz. Viu o clip de "Clint Eastwood" no canal de desenhos Nickdeleon, gostou e, na ultima tarde, não escondia a ansiedade de comprar o CD no shopping mais próximo, com o dinheiro da própria mesada. Com "Clint Eastwood", o Gorillaz estourou nas pistas e rádios do mundo todo. Ganhou dois prêmios ( melhor música dançante e melhor canção) no MTV Awards europeu e deve ser novamente aclamado dia 20, na principal premiação da industria fonográfica britânica, o Brit Awards. Tanto sucesso vai além do som contagiante. É claro que são as animações de James Hewett o que realmente despertou a atenção do meu sobrinho. Lá está a genialidade da coisa. Gorillaz é uma banda virtual, lançada na Internet, com arquivos freeware em Mp3. A banda é formada por personagens de desenhos animados, uma espécie de Digimons irreverentes e perversos. Quem vai aos shows, não vê Albarn ou o rapper Dan The Automator. Assiste a projeções com os "músicos" da banda. Tudo animação, claro. Um show sem gente de carne e osso no palco parece chato. O Gorillaz, porém, começa ainda em fevereiro uma grandiosa excursão pela América do Norte, depois do retumbante êxito em solo europeu. Ah : nem preciso dizer que o sobrinho saiu radiante da loja. Sem saber, comprou o primeiro disco não infantil de sua vida. Um pequeno rito de passagem. Daqui a algum tempo, quem sabe, verei o próprio cavucando minha discoteca. — Tio, vou levar emprestado o primeiro CD do The Blur, tá bom ? Website do Gorillaz quarta-feira, fevereiro 13, 2002
...Sou Mangueira... É possível um rockeiro de carteirinha gostar da Estação Primeira de Mangueira ? É admissível que um mangueirense de coração nem mesmo conheça a quadra da agremiação e tenha frequentado a de várias outras ( Portela, Salgueiro, Estácio, Vila Isabel etc) ? O que dizer do debut no Sambódromo com as cores do Império Serrano ? É. Sou mesmo um misto de contradições. Nem gosto muito de samba. E desde que me entendo por gente sou mangueirense. Tudo começou faz tempo, quando um tio botafoguense fazia uma correlação entre escolas de samba e clubes de futebol do Rio. Disse-me ele que a Mangueira era o Flamengo do futebol. Pronto. Nem sabia direito como funcionava essa história de desfiles. Não importava. Como rubro-negro, já tinha por quem torcer. À medida em que os anos passavam, o gosto pela escola só aumentou, até mesmo por influência familiar — Cartola e Nelson Cavaquinho eram figurinhas fáceis no toca-discos dos meus pais. Isso sem falar nos enredos dos títulos da década de 80, com homenagens a figuras tão bacanas quanto Braguinha e Carlos Drummond de Andrade. Daí em diante, em maior ou menos escala, perto ou distante, no Sambódromo ou pela TV, sempre torci — sem fanatismo — pela Estação Primeira. Via nos anti-mangueirenses o mesmo ranço que caracteriza os anti-flamenguistas, que sentem prazer muito maior em ver a desgraça do Flamengo do que no triunfo de seus respectivos clubes. Já naquela época apreciava a fidelidade dos foliões da verde-rosa que não trocam de escola como trocam de camisa. A Mangueira valoriza suas tradições — nela não se vêem as "atrizes/modelos" que infestam a maioria das demais Escolas, ano sim, outro também. Continuo gostando de rock. Ouço o ano todo — mesmo durante o carnaval. Em muitas ocasiões, metido em viagens, sequer fiquei sabendo o que acontecera na Sapucaí. O fato é que quando ouço a voz de Jamelão na avenida, não tem jeito. Emociona. Em tempo: é campeã !!! Quarta de cinzas Passado meio-dia de quarta, inevitável não lembrar de uma música do Los Hermanos: Todo o carnaval tem seu fim ( Marcelo Camelo ) Todo dia um ninguém josé acorda já deitado Todo dia, ainda de pé, o zé dorme acordado Todo dia o dia não quer raiar o sol do dia Toda trilha é dada com fé de quem crê no ditado De que o dia insiste em nascer Mas o dia insiste em nascer pra ver deitar o novo Toda rosa é rosa porque assim ela é chamada Toda bossa é nova e você não liga se é usada Todo o carnaval tem seu fim É o fim - Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar o meu nariz ! Toda banda tem um tarol, quem sabe eu não toco? Todo samba tem um refrão pra levantar o bloco Toda escolha é feita por quem acorda já deitado Toda folha elege um alguém que mora logo ao lado E pinta o estandarte de azul E põe suas estrelas no azul - "Pra que mudar?" - Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar o meu nariz! domingo, fevereiro 10, 2002
BBB: TV Globo peca na edição e roteiro do programa Editar é fazer escolhas. E as da Globo, definitivamente, não têm sido as melhores na produção do BBB. Desnecessário repetir críticas feitas à exaustão ao conceito do programa. À artificialidade dessa pretensa realidade. Ao elenco sem nuances. Ou, ainda, à perfomance constrangedora da dupla Pedro Bial/Marisa Orth. O programa está aí. Queiramos ou não, ele é assunto. E o que vai diariamente ao ar não explica nada, não atrai, não seduz. Por isso fiquei surpreso ao ver o compactão exibido domingo à tarde pelo Multishow ( canal da TV paga da Globosat) . Releve, por favor, tudo de ruim no BBB. O Multishow apresenta uma edição simples, linear, na qual a narração costura as cenas, pontuadas aqui e ali por depoimentos. Resultado: o programa ficou redondinho, correto e — melhor — sem ocultar conversas relevantes para a compreensão das possíveis alianças e intrigas na casa. Assim, o telespectador conhece um pouco mais da personalidade de cada um dos brothers. Na Globo fica difícil para o público criar qualquer espécie de identidade com os participantes. Como entretenimento, o BBB não deixa de ser uma novela. Como entender, então, que a emissora do plim-plim, cujo know-how em teledramaturgia é indiscutível, possa produzir um programa tão mal feito ? Roteirista. Procura-se, com urgência, um roteirista ! < |